Peço profundas desculpas pelo sumiço/demora. Certamente alguns perceberam que eu havia começado um post a respeito do LPM-1254 Elvis Presley, prometendo uma segunda parte. A princípio me pareceu um post ideal para começar o blog, mas sinceramente com o tempo me questionei a respeito da decisão e também sobre a maneira com a qual eu iria desenvolver o post. Não quero que nenhum material apresentado se torne "maçante", ou seja: dividido em várias postagens e apresentando de vez várias prensagens, e isso era exatamente o que eu estava fazendo! Ia ser um começo muito chato pro blog, então apaguei o texto, a idéia e resolvi começar do zero com algo totalmente diferente. Perceberão que no fim de cada post daqui pra frente encontrarão links para download do material - e bônus - em audio, assim vocês podem ir ouvindo todo o material relacionado ao post enquanto lêem a respeito (e, diga-se de passagem, tudo devidamente analisado e selecionado por mim - o show do post de hoje, por exemplo, teve seu 'pitch' totalmente corrigido para que vocês não encontrem problemas na hora de curtir o som).
Ontem recebi uma jóia dos tempos do "bolachão" no Brasil: o 104.4029 da RCA, Lou Reed, lançado em 1972. Esse disco é deveras interessante em vários níveis, a começar que de uma forma geral ele é pouco conhecido quando se fala de Lou Reed. Pense rapidamente no cara e me diga o que vem à mente. Acho que não vai ser grande pecado eu arriscar em dizer que a maioria esmagadora pensou em Transformer, certo? Até mesmo quem não ouve o "Tio Lou" já viu pelo menos a capa um dia! É O disco associado ao artista. Temos também New York, Sally Can't Dance e mais alguns títulos, mas o ponto aqui é que Lou Reed teve uma carreira solo que vai de 1972 a 2012 (quando os problemas de saúde o 'pegaram' e ele se afastou, até infelizmente vir a falecer em 2013, em um domingo, dia 27 de outubro) e raramente alguém lembra que o Transformer não foi o primeiro disco dele. Há algumas razões pra isso, no entanto.
Fatos de lado, e a opinião a respeito da música? Volto a dizer algo que comentei anteriormente: não se deixem levar apenas pela quantidade de vendas, o disco é sim uma boa ouvida. Das 10 faixas, 7 são composições da época do Velvet Underground que a banda não lançou em albuns e Lou Reed reaproveitou aqui, mudando alguma coisa nas letras e arranjos. Hoje em dia temos a chance de fazer comparações e constatar que as versões do VU são todas bastante superiores, o que acaba um pouco com a "graça", mas temos sempre de lembrar que em 1972 isso não era de conhecimento do público e fica injusto analisar o disco através desse ponto de vista, de comparações. Penso também que se vamos ouvir o album do início ao fim é pra curtir o material apresentado e não pra ficar comparando, concordam? E ouvindo Lou Reed eu francamente ouço um bom disco de Rock & Roll, coeso, que soube reaproveitar aquelas 7 composições dos tempos dos Velvets e fazer algo que soa uniforme. Não é nada genial pra época, mas quando ouvimos um disco de Rock & Roll não ficamos à espera apenas de genialidade, nós queremos ouvir um disco que mantenha o padrão de qualidade do início ao fim - e este disco faz isso muito bem. Temos boas faixas agitadas, como I Can't Stand It e Walk And Talk It; momentos raros de inocência por parte do Tio Lou, com I Love You e Love Makes You Feel; a versão original da belíssima Berlin, clássica, que acabou gerando um album inteiro em volta da estória, entre outras. É definitivamente um bom disco de Rock & Roll e uma boa ouvida, mesmo não sendo o momento mais brilhante de Lou Reed. Só pra finalizar minha opinião, acho que as duas maiores "falhas" do disco de estréia do Reed foram Ride Into The Sun e Ocean. Acho bacana ele não ter deixado essas duas faixas se "perderem no tempo" e as versões do disco se encaixam bem no todo, mas se for fazer uma comparação com as versões originais, com os Velvets, vish! Ocean, principalmente, é na minha opinião épica na master de 1970, enquanto Ride Into... era impecável na versão VU de '69, lindíssima. Mas deixarei vocês ouvirem e formarem suas próprias opiniões.
E falando em ouvir, fiquem tranquilos: estou deixando logo abaixo três links pra vocês conhecerem o disco original bem como um pouco de história relacionada! O show anexado no segundo link, registrado em 15 de julho de 1972 no King's Cross Cinema, em Londres, é um dos primeiríssimos do Lou Reed como artista solo, e primeiro da turnê do disco de estréia. O repertório traz boa parte das faixas do LP, além de alguns clássicos do VU (White Light/White Heat, Heroin, Sweet Jane - que recebe uma baita reação da platéia - e outras). Já o terceiro link traz uma coletânea que fiz pra vocês, a qual chamei de "LSP-4701: trabalho em progresso" e na qual inclui todas as versões existentes de estúdio dos Velvets para aquelas 7 faixas do LP solo do Tio Lou, além de 5 seleções ao vivo.
Algumas observações importantes que deixo pra vocês antes de ouvirem a coletânea: I Can't Stand It, Lisa Says, Ride Into The Sun e Ocean são versões master e por isso soam mais polidas que as demais. Essas 4 faixas foram gravadas pela banda com um album em mente, o qual não chegou a ser realizado. Ride Into The Sun é uma versão de matriz de acetato, ou seja: que foi feita apenas para fins de análise dos membros da banda. Escolhi essa versão pois se trata do único exemplo da master lançado com vocais - a versão oficial lançada em 1985, de fita, é instrumental (não se sabe ao certo a razão, mas possivelmente haviam perdido a multi-pista com vocais na época). Ocean é a master de 1970, gravada nas sessões para o album Loaded. Na minha sincera opinião é uma versão muito superior à master de 1969 e por isso a selecionei! As versões ao vivo com o Velvet Underground são todas de 1969 e à estas adicionei duas versões acústicas de 1972 para Berlin e Wild Child, até mesmo por motivos históricos. Essas duas faixas foram gravadas em uma reunião de Lou Reed, John Cale e Nico em Paris e são ótimas versões pra completar o "lado ao vivo" da coletânea. Espero que gostem!
Downloads:
01 - Album original: Lou Reed (1972)
02 - Lou Reed ao vivo: King's Cross Cinema, Londres, 15/07/72
03 - A história por trás do disco: versões do Velvet Underground
Peço que, por favor, invistam no material original quando possível e assim ajudem a manter o legado do artista vivo para as próximas gerações! O disco original está em catálogo como parte do box "Original Album Classics". As demais faixas se encontram fora de catálogo no momento, mas não é difícil ainda encontrar os CDs do VU que as possuem. O show foi disponibilizado gratuitamente por fãs para fãs.
Vídeos relacionados:
Espero que tenham gostado do post e que motive vocês a ouvir mais desse fantástico artista que foi e sempre será o Lou Reed, o "Tio Lou" como alguns de nós chamamos.
Até a próxima!
MitsuharuSan
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo artigo MitsuharuSan
ResponderExcluirMuito obrigado, Dikos! :D
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